A noite estava clara. Uma aldeia situada à beira do Douro, no Porto, estava em festa.
O dia começou com uma missa em honra de São João. Tinha havido tourada à tarde, seguida de um grande banquete para festejar o triunfo do emigrante da aldeia, que, vestido com um fato branco, regressava à sua terra depois de anos a trabalhar sem férias.
Ele dançava com a mulher que se tinha ocupado das suas filhas durante três anos e estas dançavam com a mãe dele. Os proprietários das vinhas dos arredores dançavam com as raparigas da aldeia muito divertidos. O planalto, pouco visitado, era agora uma excelente pista de dança. A lua reflectia-se nas caras dos dançarinos. A noite prolongava-se e o terreno ficava marcado com todos os passos de dança. Mesmo se estavam a dançar desde o crepúsculo, todos contavam dançar até de madrugada. Até mesmo as crianças que habitualmente se deitavam cedo ! Como não tinham escola no dia seguinte, não se importavam. Cada um esquecia os seus problemas durante uma noite e dançava alegremente.