Gosto das casas com fotografias.
Gosto das casas com fotografias e das histórias que elas contam. E falar de fotografias é evocar um rasto do tempo e lembrar a sua presença a ocupar amigavelmente todos os cantos da casa onde elas se encontram. Não concebo a hospitalidade de uma casa sem a omnipresença das fotografias. A não há prazer maior do que interromper algo que estamos a fazer para nos determos numa fotografia, que desperta uma lembrança de momentos encantados e de pessoas maravilhosas dos quais temos uma lembrança vaga ou bem presente. No fundo, as fotografias fazem parte da nossa história. No entanto, embora elas sejam a imagem cristalizada de um momento, é normal termos novos sentimentos de cada vez que nelas nos detemos.
Os álbuns de fotografias são objectos misteriosos, alegres e emocionantes. As minhas primeiras recordações de álbuns estão ligadas àqueles álbuns de família que são guardados em arcas de madeira. Em pequena, não podia tocar neles pois os meus pais não queriam que os estragasse. Tinha então de ser paciente para poder folheá-los com um adulto. E lembro-me bem daqueles dias passados até que a luz se desvanecesse, a percorrer as páginas dos álbuns, à descoberta do passado. Eram horas esquecidas cheias de emoções.
Penso que o vício das fotografias veio com a curiosidade de descobrir as minhas raízes e a infância dos meus familiares, assim como a minha. Mais precisamente, conhecer o meu avô paterno que não tive a oportunidade de conhecer.
Nunca me senti bem sem fotografias. E quando o vício é grande, passamos muito tempo não só a contemplá-las, mas igualmente a "concebê-las" para não perdermos um único momento da nossa vida. Assim, podemos capturar o momento e torná-lo imortal.
Composição da aluna
Sandrine Almeida 2e B